sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Criação: fervor ou perfeição?

“O homem é em primeiro lugar aquele que cria”, define Saint-Exupèry no livro Cidadela, afirmando mais à frente: “Não queiras inventar um império onde tudo seja perfeito”.


A frase perfeita
nem sempre é bonita.
Escrita ou não,
é aquela que cala,
que toca a ferida,
é aquela que fala.
Há tanta coisa há ser dita
e não é.
Se a gente repete o poeta
e não cria
a palavra se vai,
se esvazia,
e a frase (bonita?)
nem mesmo é perfeita...

O que importa, lembra Exupèry, é o fervor e a colaboração: “Criar é talvez falhar um determinado passo na dança. E dar de lado este golpe de cinzel na pedra. O destino do gesto pouco importa. Esse esforço parece estéril a ti, cego, que tens o nariz encostado nele, mas experimenta dar um passo atrás. Observe mais de longe o movimento deste bairro de cidade. Só vês subir de lá um grande fervor e a poeira dourada do trabalho. E não reparas nos gestos falhos”.

Já que temos que andar,
por que não fazer dançar
o pé, o corpo, o ser?
Já que temos que andar
por que não dançar de sombrinha
na corda bamba da vida?
Pra ver nascer um outro dia,
eu despi a fantasia
que não era a minha,
eu larguei a poesia
que era só palavras e linhas...
Hoje quero só o que somos,
por que eu não sou sem você!

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